Estilo
Perfume por 34 000 dólares
Perfume por 34 000 dólares
É o preço de um frasco personalizado
da Creed, um dos ícones das perfumarias
"de nicho", a nova mania entre endinheirados
da Creed, um dos ícones das perfumarias
"de nicho", a nova mania entre endinheirados
Gabriela Carelli
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Usar um perfume de grife que vendeu dezenas de milhares de frascos em semanas e alardear para as amigas o nome da fragrância e do estilista? Bem, se você ainda acha que isso vai causar o maior frisson, é bom ficar alerta. Chique, hoje, é escolher produtos de primeiríssima linha, mas feitos em edições limitadas, de preferência em ateliês discretos e pouco conhecidos. São os chamados perfumes de nicho. Mania até há pouco restrita a celebridades como as atrizes Sharon Stone e Cameron Diaz, esses frascos começam a se tornar objetos de desejo de simples mortais com contas bancárias polpudas, compatíveis com a exclusividade que pretendem comprar – e exalar. As marcas Serge Lutens, Annick Goutal, Susanne Lang e Creed são algumas das mais festejadas desse mercado, no qual quanto mais desconhecidos o perfume e seu criador, melhor. "Antes, o prestígio de um perfume era medido pela sua fama. Hoje, pela dificuldade em achá-lo", disse a VEJA a especialista americana Rochelle Bloom, presidente da Fragrance Foundation, que reúne os perfumistas americanos.
Não adianta bisbilhotar as prateleiras da Sephora, em Nova York, ou da Printemps, de Paris, duas das mais badaladas lojas de cosméticos do mundo. Para ser considerado de nicho, um perfume deve ser vendido em apenas 200 lojas em todo o planeta. São locais escolhidos a dedo para fisgar o público certo, que faz o único tipo de publicidade permitido para essas marcas: o chamado boca-a-boca. A tiragem de uma fragrância não deve ultrapassar a casa do milhar. Quando se trata de um best-seller, pode avançar um pouco, mas em nenhuma hipótese aproximar-se de um fenômeno como o Glow, de Jennifer Lopez, que vendeu 50.000 unidades em três meses só no Brasil. Quanto à variedade de perfumes posta à venda pelas grifes, vale a mesma máxima: menos é mais. Um exemplo é a americana Creative Universe. Ela tem quatro fragrâncias, à venda em apenas 32 lojas no mundo. Única marca de nicho no Brasil, a francesa Annick Goutal pode ser encontrada em locais como a loja de cristais Baccarat, a joalheria H. Stern e a butique Daslu. Quem não mora na Europa e quer um dos dezoito perfumes criados pelo francês Serge Lutens, vendidos em seu ateliê no Palais Royal, em Paris, tem de ligar para o próprio. O perfume chega num refinadíssimo pacote, com o nome da dona no pote.
Tanta exclusividade pode custar uma fortuna. Um frasco do clássico Eau d'Hadrien, de Annick Goutal, custa 1.300 dólares. O preço vai às alturas se a cliente quiser um perfume só seu. Um "eau de couture" (perfume individualizado) da londrina Anastasia Brozler não sai por menos de 2.500 dólares. Um similar da Creed, ícone da perfumaria de nicho inglesa, pode custar até 34.000 dólares. É o máximo que o perfumista Olivier Creed cobra para inventar uma fragrância personalizada, de 50 mililitros. Depois, com sua fórmula exclusiva na mão, o dono pode pedir novos frascos por preços bem mais em conta.
Fundada em 1760, a Creed ganhou fama ao criar uma fragrância única para a rainha Vitória. Desde então, a empresa já produziu 200 perfumes exclusivos para reis e rainhas e ainda é uma das preferidas dos bem-nascidos do velho continente. Os preços altos não se explicam apenas pela exclusividade de um perfume que quase ninguém – ou ninguém – tem. "Os ingredientes são naturais, raríssimos, ao contrário do que ocorre com as grandes marcas, que usam produtos sintéticos, e o trabalho é quase artesanal", explica a brasileira especialista em perfumes Renata Ashcar, de São Paulo. Esse luxo, é claro, tem seu preço.
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